Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos
De uma beleza sem par, olhos cálidos com as nuances de uma moura encantada, que ao invés de fugir de um rei conquistador, ali permanecera, passeando pelos caminhos, enquanto enfeitiçava todos aqueles que por ela passavam, fazendo-os perder-se de amores por tal encanto feminino. Ela, levianamente, entre os cortejos deixava admiradores que albergavam a esperança de a acolher em seus braços. Os mais valentes e corajosos, perdiam-se nos seus olhos e deixavam o coração preso ao seu feitiço e ela a todos sorria e deles aceitava o cortejo, mantendo acesa essa esperança.
Acontece que, dois irmãos a cortejavam, cada um sem saber que o outro também o fazia. Disputavam estes dois homens o coração, os favores e a predilecção da bela mulher. E uma noite, em que a lua iluminava o lugar com toda a sua sumptuosidade, atraindo amantes, elevando paixões, encontraram-se ambos sob a janela da mulher amada. Sem se aperceberem da identidade de cada um, investiram, lutaram até que um deles, ferido mortalmente, tombou sobre o chão, sendo então reconhecido pelo seu irmão que, logo ali enterrou a espada no próprio corpo, tombando sem vida, sobre o corpo do irmão morto pela sua espada.
Diz o povo que é neste túmulo que se encontram enterrados os dois irmãos unidos na morte, separados em vida pelo amor que os acometia a moura de encantos.
Trata-se de uma lenda, não de história, por isso devemos dar-lhe apenas o crédito que as lendas merecem.
Na verdade, o túmulo foi aberto no início do século XVIII e revelou a existência de apenas um corpo, que, segundo as teses mais plausíveis, embora incomprovadas, pertencerá a D. Luís Coutinho, bispo de Viseu, mais tarde de Coimbra e depois de Lisboa, e que teria falecido em Sintra, vítima de lepra, em meados do século XV.
Mas é o nome de Dois Irmãos, aquele que prevalece, e é apoiado pela singular existência de duas estelas discóides, uma em cada uma das extremidades da arca sepulcral, ambas com o emblema da cruz de Cristo gravado.
Na tampa do túmulo encontra-se gravada uma cruz a todo o seu comprimento.
DE
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